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Parte II - Os truques no Stadio Olimpico del Nuoto

  • Foto do escritor: Pedro Junqueira
    Pedro Junqueira
  • 23 de set. de 2020
  • 12 min de leitura

“When there is no way out, you just follow the way in front of you” - Stephen Mitchell

Mais um Pan


No ano seguinte ao Sul-Americano de Montevideo, veio a primeira viagem para os Estados Unidos. As camas, na vila olímpica montada na universidade de Chicago, eram daquelas de colchão mole americano, estranhas e desconfortáveis para alguém que cresceu dormindo em cama dura de colégio de internato. O corpo dolorido e mal dormido, e as costas que não empinavam mais, afetaram o equilíbrio do nado. Manoel dos Santos, a grande esperança de medalha da natação brasileira nos Jogos Pan-Americanos de 1959, não passou de um quarto lugar nos 100m livre, nadando acima dos 58s, quando as expectativas giravam em torno dos 56s. Seu currículo de nadador em matéria de Pans ficou, para sempre, aquém das possibilidades do seu talento. Depois do México em 55 e de Chicago em 59, Manoel não chegaria até São Paulo em 63. Largou sua carreira no topo, em 62. Pra trabalhar, e assim ganhar a vida, que precisava.


O Pan em Chicago acabou sendo um “massacre” pelos americanos. Nada menos do que 236 medalhas para os gringos, sendo 115 de ouro, 69 de prata e 52 de bronze. Os relativamente fracotes argentinos, segundo colocados, ficaram com 39 medalhas, sendo 9 de ouro, 19 de prata e 11 de bronze. A participação brasileira foi tímida, na melhor das hipóteses. O confiável herói Adhemar Ferreira da Silva encerrou sua década de títulos máximos internacionais com o tricampeonato pan-americano (ele já era bicampeão olímpico). O jovem jogador de futebol Gérson, ainda de cabelo, defendeu, sem sucesso, nosso escrete olímpico. O outro garotão, o boxeador Eder Jofre, trabalhou de sparing na competição.

Nossa natação foi um fiasco absoluto, repetindo a pobre performance de quatro anos antes no México. Não levamos sequer medalhas de revezamento, ficando sempre atrás do Canadá e do México. Os americanos, em compensação, em plena preparação para se vingarem dos australianos na olimpíada no ano seguinte, tomaram conta do pódio natatório em Portage Park, mesmo local onde aconteceriam, treze anos mais tarde, as eliminatórias americanas para a olimpíada de Munique, com Mark Spitz batendo vários recordes mundiais a caminho da glória máxima na Alemanha. Na natação do Pan de 59 foram raras as provas em que os americanos não levaram do ouro ao bronze, naqueles tempos quando os países podiam colocar três representantes por prova, e, no feminino, foram muitas as provas com novo recorde mundial estabelecido por alguma americana. 


Mas o acontecimento principal do Pan foi protagonizado por brasileiros. Manoel dos Santos, isolado com os outros nadadores brasileiros na vila olímpica, só viria a ficar sabendo deste escândalo abafado quando já tinha tomado o Constellation de volta para o Brasil. Quase no final das competições, o remador brasileiro Ronald Duncan Arantes, tio do grande ex-costista Rômulo Arantes Filho e irmão do ex-técnico de natação rubro-negro Rômulo Arantes, ambos já falecidos, foi encontrado morto, baleado e com uma arma ao seu lado.

A tragédia nunca foi elucidada por inteiro, mas a versão que vingou apontou para causas folhetinescas. Um tenente brasileiro, saltador de hipismo e membro da delegação, teria sido vítima de um adultério e mandante ou executante do assassinato. Sua esposa, presente em Chicago, teria sido amante de Ronald. Ainda hoje os octogenários mais por dentro dos meandros deste crime se recusam a comentar a respeito.


Seis meses depois, em fevereiro de 1960, foi a vez do campeonato sul-americano em Cali, na Colômbia. Na relativa altitude da cidade andina, os tempos não foram muito bons. Mas Manoel dos Santos cumpriu seu papel razoavelmente, levando o ouro de bicampeão dos 100m livre e liderando nossos revezamentos para conquistar mais dois ouros e uma prata. A peleja contra os argentinos foi muito acirrada, tanto no feminino quanto no masculino. No final, suado, trouxemos o primeiro bicampeoanto da história.

Cali viu o aparecimento daquele que iria se consagrar, durante a década de 60, como o maior nadador de Sul-Americanos de todos os tempos, o portenho Luis Alberto Nicolao. Aos 15 anos, Nico, futuro recordista mundial dos 100m borboleta e, juntamente com Alberto Zorrila, melhores nadadores argentinos da história, conquistou seu primeiro ouro individual na sua modalidade mais famosa.


Em 1960 Manoel dos Santos já representava o Pinheiros. Mas ele nunca treinou sob a orientação de Sato, o conhecido técnico pinheirense. Manoel continuou sempre seguindo as diretrizes determinadas por Hirano, seu mestre de Santos. Ele usava a piscina do Pinheiros, e às vezes a do Corínthians, durante o verão e, no inverno, descia a serra e dava suas braçadas no Clube de Regatas Internacional.

Em julho de 60, durante os preparatórios finais pré-olímpicos, no Rio de Janeiro, Manoel quebrou convincentemente seu recorde sul-americano dos 100m livre, marcando 55s6. Este feito o posicionou como forte concorrente à medalha olímpica em Roma. Tal nível de expectativa pré-olímpica jamais havia se formado em relação a um nadador brasileiro.


A Única Olimpíada


No mês seguinte, em agosto, a equipe olímpica brasileira de natação partiu para a Europa. Mas primeiro uma parada, sem sentido, em Portugal, para os Jogos Luso-Brasileiros. Ou melhor, com sentido político, determinado pela chefia militar nos esportes olímpicos brasileiros, típica daqueles tempos. O Major Padilha era nosso eterno chefe de delegação.

Em Lisboa, numa piscina com água gélida, nossos nadadores competiram contra um time inexistente, que sempre foi a natação de Portugal. O resultado foi uma amigdalite em nossa estrela maior, único nadador brasileiro até então a chegar numa olimpíada com chances reais de escapar do anonimato no cenário internacional.


Manoel seguiu de Lisboa, sob efeito de antibiótico, aterrissou na cidade aberta e foi para a vila olímpica ficar de molho por mais um dia, longe da piscina. Depois, seriam mais três dias pra se recuperar antes das eliminatórias dos 100m livre, sempre a prova de abertura do programa olímpico naqueles tempos.



Desfile de abertura: Adhemar carregando a bandeira; Major Padilha logo atrás

A olimpíada de Roma em 1960 foi um evento marcante, em início de década que tanto iria transformar o mundo. A guerra fria se intensificava, embora a Alemanha ainda competisse com seu Time Unificado. O movimento dos direitos civis logo se deslancharia nos EUA, e em Roma, Cassius Clay (futuro Ali) e Abebe Bikila, este descalço, brilhariam. O rock e a contracultura tomariam conta em breve. E a CBS, canal de TV americano, pela primeira vez na história proporcionava uma olimpíada televisionada.

As competições de natação foram no Stadio Olimpico del Nuoto, no Foro Italico. Ali, 34 anos depois, em 1994, em campeonato mundial, as chinesas, de forma repentina e inesperada, quebraram vários recordes mundiais e venceram quase todas as provas. Alguns anos depois, com a maioria daquelas nadadoras já sumidas, se provou o doping generalizado entre elas. Ali, 49 anos depois, em 2009, se realizou o último campeonato mundial com uso permitido dos trajes tecnológicos, ou supermaiôs. Uma infinidade de recordes foram batidos, alguns ainda não superados até hoje, como o dos 100m livre masculino, do Cesar Cielo. Em 1960 o estádio aquático, aberto, era considerado de grande imponência. Mas, como veremos, ainda não havia cronometragem eletrônica, e as mesas usadas para massagem ainda eram as tradicionais mesas de ping-pong.


Stadio del Nuoto, em noite de final, 1960

100m livre

Numa sexta-feira, dia 29 de agosto de 1960, às 8h30 da manhã, tiveram início as competições de natação com as eliminatórias dos 100m livre masculino. Manoel dos Santos, nadando na raia 4, ganhou a terceira série, com 56s3. Foi o terceiro empatado melhor tempo no geral. Junto com ele, também com 56s3, Alain Gottvallès, o francês marroquino que quebraria o recorde mundial de Manoel dos Santos quatro anos depois.

Vinte e quatro nadadores passaram para as semis. Tanto Nicolao, como o outro brasileiro, Fernando Nabuco de Abreu, ficaram de fora, não quebrando a marca de um minuto. Para se classificar foi preciso 58s2. Os dois americanos, Lance Larson (55s7) e Bruce Hunter (56s6), passaram para as semis em primeiro e oitavo lugar respectivamente. Jeff Farrell, ouro na prova no Pan em Chicago, o americano favorito até algumas semanas antes, e hoje um octogenário campeão de Masters, ficou de fora da prova individual depois de um terceiro lugar na seletiva americana que, por sua vez, havia ocorrido seis dias depois de uma operação dele repentina de apendicite. Os dois australianos, John Devitt (56s0) e Jon Henricks (56s9), o primeiro, recordista mundial e prata na prova na olimpíada anterior em Melbourne, e o segundo, ex-recordista mundial e ouro em Melbourne, passaram para as semis em segundo e décimo-primeiro lugar respectivamente.



Equipe americana - Larson na seg. fila, terceiro a partir da dir.; Farrell é o do canto, atrás, à dir.

À noite, no mesmo dia 29, nas semis, Manoel voltou a vencer, empatado, na mesma terceira série, na mesma raia 4, com o mesmo tempo de 56s3. No geral, agora, ele ficou em quarto lugar empatado. Na frente dele, nas três primeiras três posições, os americanos Larson e Hunter, e o australiano Devitt, com os tempos de 55s5, 55s7 e 55s8, respectivamente. Empatado com Manoel, o húngaro Gyula Dobay. Para se classificar para a final foi necessário 56s5, tempo do canadense Richard Pound, que viria se tornar famoso como o xerife da WADA, a agência anti-doping mundial. Gottvallès e Henricks ficaram pra trás, de fora.


O Ouro Olímpico Que Escorregou Pelas Mãos


No dia seguinte, sábado, às 9h10 da noite, chegou o momento da verdade, a final. Manoel dos Santos foi escalado para a raia 6, enquanto Dobay foi pra raia 2. Na raia 3 Devitt, na raia 4 Larson e na raia 5 Hunter. Perto de 20 mil pessoas no estádio. TV americana pela primeira vez transmitindo. Primeira final natatória das olimpíadas. Prova clássica, histórica, deste esporte espetacular, que junto com o atletismo são o sustentáculo do conteúdo olímpico, a pureza do esporte humano.

Aquele jovem lá de Guararapes, no oeste paulista, lá do ginásio Koelle, de Rio Claro, está ali, no centro do mundo, para ser testado como nenhum brasileiro tinha sido antes. Não possui nada, a não ser ele mesmo, para se safar. A concepção do que se passa, se sente, na baliza de uma final olímpica, só pode estar muito além da capacidade imaginativa de um mortal comum. Manoel deve ter se esforçado para repassar a estratégia que fazia sentido ali. Ele sabia que só teria alguma chance se nadasse um segundo mais rápido do que na véspera. E ele era nadador que, naquelas circunstâncias, independentemente do que tivesse antes acontecido, cairia na água com um intuito somente, vencer, a todos!

Deu-se o tiro de largada, a saída chapada daqueles dias, e a partir daí uma sequência extraordinária de eventos. Passando a altura dos 25 metros, um brasileiro começa a se sobressair de forma incomum na prova que era a mais rápida da natação mundial. De repente, em não mais que quinze metros, Manoel se sobrepõe em mais de meio corpo em relação a todos os outros finalistas. Seu nado, intenso e de alta frequência, flui com eficiência. A borda da metade da prova se aproxima rápido. Manoel, na raia 6, assoma à virada como líder inconteste.

Na raia 5, Bruce Hunter é o que parecia segurar um pouco sua posição perto de Manoel, mas fica para trás, em segundo, junto com os outros. Alinhados com Hunter vêm Larson na raia 4 e Devitt na raia 3, e um palmo atrás Dobay na raia 2. Larson desliza mais. Devitt tem frequência mais alta e arranque na braçada. Eis o momento da virada. O bloco de quatro nadadores, da raia 2 à raia 5, lutando entre si, emparelhados, terminam a primeira piscina, mas na rabeira daquele que vai na raia 6.

Manoel já chegou a dizer que não respirou, por muito tempo, até se descobrir surpreso sem ninguém ao lado, e se questionar e se confundir, durante aquele triz que pode levar tudo a se perder, a se atrasar em uma prova em que cada décimo de segundo conta muito. Assistindo ao vídeo da prova (quase lá, leitor) se conclui que não tenha sido a falta de respiração, sendo que esta inclusive se deu voltada para o lado dos competidores das raias centrais, mas talvez, sim, um estado mental de velocista que se entregou à explosão física, que o cegou sobre sua própria frente de liderança.

O triz, o lapso de confusão chegou a fazê-lo pensar, na duração de um instante, que alguém tivesse escapado no tiro de saída e a prova tivesse sido interrompida ao largo de sua ciência. E foi aí que a virada chegou mesmo, rápido demais, mal. Isto, conforme percebe-se no vídeo da prova, mesmo com Manoel respirando de forma frontal nas suas últimas braçadas antes da borda, como fazemos no mar, na natação de águas abertas, mirando uma boia de virada no circuito. Antigamente não existia oclinhos. Antigamente tudo era menos fácil.

Parece que ficou tarde demais para a cambalhota. O que ninguém hoje sabe, ou se lembra, é que a regra na época exigia que se tocasse a mão na borda na virada também na prova de nado livre. Havia uma sincronia necessária. Não era trivial como hoje que basta jogar as pernas de qualquer distância. Tinha que concatenar com a braçada cuja mão iria tocar na borda. Uma espécie de cambalhota espremida, que com o tempo foi se desespremendo um pouco, na medida em que a ponta do dedo da mão meramente relava na borda.

Ou não relava? Bom, o importante era os juízes de virada acharem que você relou. Ou fingirem que acharam, porque foi ficando cada vez mais difícil de ter certeza. Será que o Devitt e o Larson relaram? Pelo vídeo fica difícil acreditar. O fato é que alguns anos depois tiveram que mudar a regra, não exigindo mais nem a relada. Acho que muitos já não exatamente cumpriam então.

O fato é que Manoel vacilou e, na hora, ficou tarde demais para a cambalhota. Em plena final de olimpíada de prova de velocidade, Manoel bateu em cheio com a mão e virou por cima, como um nadador da década de 1920. Uma quase tragédia. Nenhum vencedor de final olímpica desta prova, antes ou depois de Roma, teria vencido se tivesse cometido o mesmo erro de Manoel. Trata-se de um erro de reparação impossível. Pois Manoel tratou de tentar reparar. E quase, quase conseguiu.

Em dois segundos, já na saída da virada, depois do impulso, Manoel não só tinha perdido sua excepcional frente, como já não era o primeiro. Larson vira muito bem e sai na frente. Dobay também e emparelha com os demais. Os cinco se alinham. Só que um deles sob estresse triplicado.

Antes de uma prova se iniciar, em um processo de concentração pessoal, cada nadador utiliza como pode suas faculdades mentais e racionais. Na hora que uma prova de 100m livre se inicia, se o nadador soube colocar bem seu plano de ação, sua consciência se dissolve em potência física, e, via condicionamento, em forma eficiente. Apenas uma necessidade de sutil moderação na primeira parte da prova ainda demanda que o botão da consciência não se desligue inteiramente. Mas, na medida em que o cansaço aeróbico começa a surgir, na segunda metade da prova, há um retorno da cabeça pensante, que busca a melhor forma de lidar com o objetivo de melhor competir, agora sob limites crescentes da condição física.

Mas quando algo inesperado ocorre, algo inesperado contraproducente, o sistema sofre um choque. Este choque reativa as faculdades mentais, as quais, em clima de urgência, produzem algum plano de contingência. Se este algo inesperado ocorre já em momento de estresse físico, como em uma segunda metade de prova de 100m livre, então o estado mais mental reativado, ponderando soluções sob estresse, agora é posto em situação extrema. É aí que ocorre algumas vezes a desistência, mais comum na sua forma dissimulada.

O que se passou com Manoel ao dar aquele impulso depois daquela virada, já sentindo o esforço da vinda, e constatar todos aqueles caras, que antes vinham atrás dele, agora emparelhados, sem o merecerem? Não deve ter sido por aí... O que ele deve ter pensado, em um décimo de segundo, foi algo mais na linha: besteira feita, como agora reunir todas as minhas forças e conseguir bater ainda em primeiro daquele outro lado da piscina, a menos de 50 metros daqui, a tempo de conquistar a glória mundial? Pois parece que é isto que ele de fato tentou fazer.

Em poucos segundos Manoel retoma a dianteira, superando Larson. Devitt alcança Larson, e Hunt e Dobay ficam um pouquinho pra trás. Incrivelmente, na mais curta e rápida prova, depois de sofrer um golpe com perda gratuita de um metro de liderança, em plena final olímpica, Manoel retoma esta liderança, exuberantemente. Assim alcança a linha dos 75 metros, ou três quartos de prova.

Na altura dos 80 metros o quadro parece o mesmo. A borda da glória total tão próxima, tantalizante. Mas só que não... Chegava a hora de pagar o preço pelo inesperado, que só agora realmente mostrava porque era do tipo contraproducente.

Manoel disse que morreu nos últimos 20 metros. O cansaço faz a impressão. Ele pareceu patinar um pouco, mas nadou muito até a última braçada. Infelizmente não o suficiente para o ouro, inviabilizado por conta da eternidade de dois décimos de segundo. Uma fração da duração do abraço que ele tinha dado nos ladrilhos da borda da piscina durante sua virada indelével na história da natação. Manoel ficou com o bronze, histórico, como o de Tetsuo, e, apesar de tudo, um belo novo recorde sul-americano, de 55s4.

O ouro envolveu uma das decisões mais conturbadas da história olímpica da natação. Três juízes de primeiro lugar e mais três de segundo lugar se contrariaram entre eles na decisão de quem havia ganho a prova, Devitt or Larson. Perante o 3x3, o que dissesse os três cronômetros manuais referentes ao tempo de cada nadador serviria de desempate. Larson teria ganho, com 55s1, versus 55s2 para Devitt. Também as precárias fitas de papel usadas então, mas não oficiais, confirmaram Larson quatro polegadas na frente.

Mas eis que o juiz chefe da competição, que estava a mais de 15 metros de distância do ponto de chegada dos dois nadadores, interveio na polêmica, e virou o ouro para Devitt. Para compatibilizar, também mudou o tempo oficial de Larson para 55s2. A equipe americana protestou, tentou todos os canais institucionais naquela piscina, mas sem sucesso. Apesar de Larson ter aceito a decisão final cavalheirescamente, dentro do espírito olímpico daquelas eras, os Estados Unidos nunca engoliram esta e nunca deixaram de protestar.


Manoel foi para o pódio feliz com seu bronze, assim como o maratonista brasileiro Vanderlei Cordeiro em 2004. Dando continuidade ao pequeno legado olímpico deixado por seu ídolo Tetsuo, ele se contentou com sua honrada medalha olímpica. Mas em pouco tempo ele perceberia que poderia mais. E mais seria o status de mais rápido do mundo. Esta segurança que ele adquiriria foi, por certo, condição necessária para que ele galgasse mais alto ainda.


Depois da prova dos 100m livre, Manoel dos Santos não pôde fazer mais nada em Roma. O revezamento brasileiro 4x100m medley não chegou nem perto das finais e Manoel tinha sido poupado, contra a vontade dele, das eliminatórias. Terminadas as competições de natação, era hora de voltar para casa. A doutrina militar não permitia que os nadadores permanecessem em Roma e assistissem o resto dos jogos olímpicos. Manoel foi privado, assim, entre outras, de admirar Abebe Bikila margeando o Coliseu e entrando descalço no estádio olímpico no cair da noite romana.


Assistam e re-assistam, em tela decente, os vídeos abaixo e... continua...






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