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FE - Python, stata e securitização

  • Foto do escritor: Pedro Junqueira
    Pedro Junqueira
  • 19 de set. de 2020
  • 3 min de leitura

Em conversa recente do Marcos Lisboa na série CERC talks, quando comenta sobre a escola que dirige, o Insper, ele repassa algumas premissas básicas: “...todo aluno aprende programação, todo mundo aprende Python, todo mundo aprende Stata, todo mundo tem que saber cálculo, e estatística também, ...teste de causalidade, interpretar dados, ... saber fazer um teste de hipótese ...” e por aí vai, “... senão terá muita dificuldade...” na vida.

Em perfil atual de analista de mercados emergentes procurado por uma gestora novaiorquina contratando, o respectivo post destaca as seguintes credenciais preferíveis: “Bachelor’s degree in a quantitative discipline, such as quantitative finance, computational finance, financial mathematics, or statistics. Proficiency in R, Python, Bloomberg API and large dataset management.”

Muito bem, e no mercado de securitização brasileiro, como vamos neste sentido?

Bom, o mercado de securitização no Brasil já tem alguma história, que foi analógica, cartular e notarial. Mas nos encontramos em ponto de inflexão em relação ao nível de tecnologia subjacente em seu ambiente operacional. No que tange às competências necessárias atuais de seus profissionais para uma boa performance, estas vão refletir exatamente a transformação tecnológica em curso. Assim, vale antes repassar em que ponto se encontra o ambiente tecnológico que permeia o mercado de securitização, em todo o seu espectro.

Começando pela parte central operacional de estruturas de securitização, a transformação tecnológica começa a ser acachapante. Com o iminente processo de desmaterialização de direitos creditórios ou, alternativamente, de digitalização e eletronificacao do registro destes ativos, com destaque para o papel destas empresas que surgem e que são chamadas de Infraestruturas de Mercado, temos aí uma tendência que alterará a potência do mercado de securitização, mudando seu funcionamento, e assim demandando novas competências de seus profissionais.

Por um lado se intensificará em muito o volume e a velocidade de processamento de dados. Por outro lado é como se parte dos serviços fiduciários históricos de custódia e de administração de carteira, para não dizer gestão, passassem a receber uma mão, tendo sido transformados e facilitados através de uma espécie de terceirização sua parcial, que o avanço da tecnologia permitiu, transferindo algo tangível destes serviços para o âmbito das Infraestruturas de Mercado. Em compensação a qualidade do serviço de gestão poderá e terá que mudar de patamar.

Na ponta da originação, também cresce a atividade digital, catalisada pelo advento crescente da atuação de novos players, as Fintechs. Aqui, o escopo de serviços prestados por estas, junto aos seus clientes, avança de forma múltipla, em ambiente competitivo, viabilizado pelo avanço da tecnologia, e apoiado por um marco regulatório que tenta seguir o passo do mercado. A capacidade de construir inteligência de dados, e agir com efetividade comercialmente, a partir desta inteligência, capturando de forma mais ampla as demandas operacionais potenciais várias dos clientes, é o nome do jogo. Este universo representa um dos lados que interage com o mercado de securitização, composto pelos cedentes.

Na ponta das Assets, o meio e o ferramental digital potencializado pelo avanço da tecnologia já são características do modus operandi há algum tempo. Mas, em relação ao mercado de securitização, e ao de crédito privado em geral, isto não quer dizer que os dados, e assim a inteligência e a capacidade de modelagem, necessários para o avanço do desenvolvimento destes mercados, estão suficientemente disponíveis e sendo utilizados, em um processo robusto de adição de valor de gestão. Isto ainda não existe de forma relevante no mercado brasileiro de securitização. Por consequência, o RH especializado ainda tem chão pela frente para se desenvolver neste segmento.

Nos próximos três posts nesta semana abordarei qual é o uso de tecnologia e de conhecimento fundamentado em tecnologia atualmente em três segmentos representativos do mercado de securitização brasileiro: Multicedente Multisacado, que atende o universo de pequenas e médias empresas, imobiliário e do agronegócio. Em cada um deles há progresso tangível, mas há ainda muitos degraus a serem galgados se pensarmos comparativamente ao estágio atual do mercado de securitização americano.

Não há como relutar. A tecnologia transforma a galope nossos usos e costumes, nossa produtividade, nossa rentabilidade e nosso poder competitivo. Quem não pular na cápsula do foguete da história ficará para trás no espaço.

Não é por acaso que o único hedge fund que entregou retornos acima de 30% em todos os anos a perder de vista para trás é o fundo quant Medallion, da Renaissance, do Jim Simons. O algoritmo obviamente foi sendo aperfeiçoado com a passagem de décadas, à luz do que o avanço na tecnologia permitiu. Informação digital na escala de petabytes alimenta os modelos da empresa atualmente. E, ainda por cima, Jim Simons, grande matemático, reconhece que nunca teve olho ou capacidade para selecionar profissionais que entendem dos fundamentos de uma empresa. Com o que ele diz sempre ter se sentido confortável foi a contratação para a Renaissance de físicos, astrônomos e matemáticos. Foram estas que ele fez.

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