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FE - Avanço da securitização, na real

  • Foto do escritor: Pedro Junqueira
    Pedro Junqueira
  • 21 de ago. de 2020
  • 3 min de leitura

O processo de desenvolvimento de mercado de securitização no Brasil requer a superação de etapas. Algumas destas vão sendo conquistadas de forma concomitante e com alguma interdependência. Mas há uma etapa, imprescindível, que necessariamente vem no começo deste processo.

Tal etapa só agora, e ainda não se sabe se de forma sustentável, parece estar sendo vencida por cá. E o pior é que não estamos falando de algo específico do mercado de securitização. Trata-se de uma condição, uma premissa, aquilo que necessariamente vem antes, e que determina não só o potencial de desenvolvimento do mercado de securitização, mas também o do mercado de crédito privado, para não dizer o do mercado de capitais como um todo.

O que é isto? Ora, é claro que o que se tem em mente aqui é o nível da curva de juros na economia. Este tipo de risco de mercado que historicamente sempre teve proporções inchadas, nocivas e inviáveis no contexto de desenvolvimento de mercado.

A primeira conclusão realista que decorre da imposição desta condição é que qualquer discussão sobre o atual estágio de desenvolvimento do mercado de securitização no Brasil estará no campo da fantasia se esta se colocar pressupondo um desenvolvimento já alcançado. Nas últimas duas décadas muito se fez e se aprendeu, mesmo porque este período, com altos e baixos, se caracterizou por um avanço na gestão monetária. Mas, de certa forma, poderíamos afirmar que mal começamos a nos desenvolver, e isto tem um lado muito bom porque significa que há uma imensidão à frente a ser explorada, investida e usufruída.

A sustentabilidade do nível atual de juros no Brasil é uma outra grande história e os sustos não param de acontecer, diariamente, principalmente para aqueles mais sóbrios que não vão se deixar iludir sobre a real situação fiscal e estrutural do país, e sua relação com estes juros. Mas assumindo-se tal sustentabilidade, aí sim, dá pra começar a falar a sério sobre perspectivas de desenvolvimento do mercado de securitização. Tanto mais pelo fato de que outras transformações importantes vêm acontecendo neste segmento.

Porque não dá pra ficar eternamente esperando algo acontecer antes de se mexer, e o mercado de securitização, na medida do possível, foi construindo as outras partes da casa, enquanto um alicerce fundamental da mesma não estava pronto. Inclusive, neste interim, deve-se ressaltar a realidade de um histórico realizado de negócios, financiamentos e investimentos, que em termos absolutos de volume não deixa de ser significativo, mesmo que restrito `aquelas operações que de fato ensejaram a tecnologia plena de securitização.

E o conjunto completo das outras partes construídas da casa abarca um respeitável desenvolvimento regulatório, que continua acontecendo neste momento. Além disto, mais recentemente, de certa forma explicado também pelas consequências do movimento de queda dos juros na economia, a transformação tecnológica contemporânea achou seu encaixe com o mercado de securitização, de múltiplas maneiras, sinalizando uma revolução, muito desta ainda a acontecer.

Mas não se enganem. Tudo ainda depende da manutenção de um ambiente de juros de país desenvolvido, uma condição sine qua non. Uma vez esta atendida, o segmento de securitização pode se expandir rumo a outras ordens de grandeza de tamanho.

A partir daí, e das outras transformações que já vêm ocorrendo, o mercado de securitização pode sair rasgando, representando um robusto segmento da intermediação financeira. No caso a intermediação financeira diáfana, sem peso, que direta e democraticamente conecta investidores e tomadores de recursos. E que tem a seu favor a sua tecnologia própria, incluindo os seus mecanismos de fluxo de caixa, que permitem operações de risco pulverizado, com reforços de crédito estruturais, captação fatiada junto a investidores de apetites distintos de risco, e especialização de prestadores de serviço.

Para tanto, para finalizar este post, será ainda necessário mais duas condições sem as quais não se evoluirá de fato: muita educação financeira, para todos aqueles envolvidos no arco que vai do mercado investidor até o tomador final de recursos, passando por todos os prestadores de serviço no meio e os próprios reguladores; e a eliminação da isenção tributária para investidores. Mas isto é assunto para outros posts.

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